As pesquisas abaixo foram desenvolvidas com produtores da ANC, ou estão no âmbito das ações da Associação, incluindo o Sistema Participativo de Garantia e as feiras orgânicas:

17) Martins, Eloa. APLICAÇÃO DO SISTEMA PARTICIPATIVO DE GARANTIA NA CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS – Relatório de Estagio Curricular Supervisionado apresentado a Faculdade de Ciências Agronômicas para o obtenção do título de Engenheira
Agrônoma. Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 2017.

16) Otta, Débora Vendramin. Estudo comparativo entre os três sistemas de averiguação da qualidade orgânica adotados por agricultores familiares do Cinturão Verde de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Nazaré Paulista: Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS) – Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), 2016. 142 pp.

Resumo: O produto orgânico não apresenta diferenças visuais e sensoriais se comparado com o produto convencional. Diante disso e do distanciamento entre produtor e consumidor, como é possível ter garantias de que aquilo que consumimos é genuinamente orgânico? A certificação veio para preencher essa lacuna, porém ainda é um processo muitas vezes oneroso, burocrático, de alta complexidade técnica e que pouco considera as práticas locais e os critérios sociais. Este estudo visa analisar as vantagens e desvantagens dos três sistemas de averiguação da qualidade orgânica: Organização de Controle Social (OCS), Sistemas Participativos de Garantia (SPG) e Certificação de Terceira Parte (CTP) sob a ótica do agricultor familiar, através de alguns parâmetros: custo, tempo, credibilidade, acesso a mercados e oportunidade de capacitação do produtor. Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas a 30 produtores no período de janeiro a junho de 2016, localizados em quatro municípios do cinturão verde: Cotia, Mogi das Cruzes, Ibiúna e São Paulo. Utilizou-se a estatística descritiva, a fim de analisar os dados quantitativos e qualitativos levantados. A CTP é percebida ainda, como o sistema mais caro pelos entrevistados, porém ao se contabilizar os gastos embutidos nas visitas de verificação dos sistemas participativos (OCS e SPG), conclui-se que os últimos podem ter um custo altamente significativo. O fator econômico é considerado secundário por muitos frente aos inúmeros benefícios promovidos pelos sistemas de Controle Social, como a troca de experiências e a interação social. A CTP em grupo apresenta-se como uma alternativa economicamente viável à certificação individual. Dificuldades em cumprir com as exigências documentais e a falta de conhecimento do inspetor sobre a realidade local foram as principais desvantagens apontadas por agricultores da CTP. O acesso limitado aos mercados constituiu-se como um gargalo das OCSs. Os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs), assim como os próprios agricultores, constituem-se como relevantes fontes de assistência técnica. O estudo nos permite inferir que a escolha do sistema de certificação depende do perfil do agricultor, assim como sua credibilidade depende dos atores envolvidos, participação do consumidor nos órgãos de controle e nas visitas de verificação. O processo de averiguação da conformidade ainda possui algumas falhas, que podem ser contornadas por meio da aproximação do consumidor com o produtor, incentivo às cadeias curtas de comercialização, divulgação dos sistemas participativos, melhora na organização dos produtores através de associações e cooperativas e criação de uma metodologia de inspeção de campo sem, contudo, haver uma padronização dos procedimentos.

1) Ricarte, Juliana Duz; Ribeiro, Maíra.T.; Fagundes, Giovanna Garcia; Ferraz, José Maria Guzman; Habib, Mohamed. Avaliação de agroecossistemas em propriedades de produção orgânica no município de Jaguariúna/SP através de indicadores de sustentabilidade. Interagir (UERJ), v. 9, p. 173-184, 2006.

Resumo: A extensão rural universitária pode dar grande contribuição ao processo de transição de uma agricultura do modelo convencional, apregoado pela Revolução Verde, para modelos de agriculturas de base ecológica, que buscam o desenvolvimento sustentável e onde são incorporados princípios e técnicas da Agroecologia. Neste contexto, duas ferramentas vêm sendo associadas com grande eficiência: as metodologias participativas e o uso de indicadores de sustentabilidade. Este trabalho teve como objetivo avaliar a sustentabilidade de duas propriedades orgânicas no município de Jaguariúna, através de indicadores construídos e avaliados participativamente. A metodologia empregada permitiu instrumentalizar os agricultores para avaliar o estado de cada unidade produtiva e classificar a fase de transição agroecológica destas, estabelecer os gargalos para a sustentabilidade e gerar discussões sobre alternativas que podem embasar o seu gerenciamento.

2) Tassi, Maria Elisa von Zuben, Abreu, Lucimar Santiago de. O mercado de alimentos orgânicos da região metropolitana de Campinas, SP. Revista Brasileira de Agroeoclogia, v. 4, n. 2 (2009).

RESUMO Considerando que o mercado é um espaço de construção social, o objetivo principal deste artigo é o de compreender a diversidade da comercialização de produtos de base ecológica, identificando as redes organizacionais da Região Metropolitana de Campinas, através de pesquisa bibliográfica, visitas exploratórias e entrevistas abertas nos principais pontos de vendas de alimentos orgânicos. Caracterizamos o mercado de venda indireta (varejo das redes de supermercados internacionais, nacionais e lojas especializadas) e o de venda direta (feiraslivres entregas em domicilio e grupo de consumidores). Embora atualmente a rede varejista desempenhe um papel importante na divulgação da produção orgânica, as vendas diretas, ainda com pequena expressão, são oportunidades para o agricultor familiar e para as organizações coletivas locais, atenderem às demandas do consumidor

3) Maciel, Vitor Renck. Monitoramento participativo de sistemas de produção orgânica através de indicadores de sustentabilidade. Trabalho de Conclusão de Curso. Rio Claro: Unesp, 2010.

RESUMO: O século passado foi marcado por grandes avanços tecnológicos na agricultura que culminaram com a chamada “Revolução Verde”, a qual é hoje, comprovadamente, considerada como um modelo insustentável. Tal fato tem motivado instituições científicas e agricultores a buscarem por novos paradigmas para a produção. A agroecologia tem se destacado por abordar o manejo de agroecossistemas dentro de uma visão holística, sistêmica e participativa, subsidiando a recuperação das suas funções e a autonomia durante a transição agroecológica. Nesse contexto, a utilização de ferramentas para avaliação e monitoramento do processo, como a análise de indicadores de sustentabilidade, é fundamental. O presente estudo teve como objetivo monitorar participativamente o grau de sustentabilidade de duas unidades de produção orgânica em Jaguariúna-SP, após cinco anos de uma primeira avaliação. Foram analisados 81 indicadores, abordando quatro dimensões da sustentabilidade: ambiental, social, econômica e política. Os resultados foram obtidos de forma consensual e participativa entre pesquisadores e agricultores, enriquecendo o estudo. Do ponto de vista global, houve um leve avanço no grau de sustentabilidade das duas propriedades. No entanto, ambas continuam no mesmo nível de transição agroecológica apresentado em pesquisa realizada em 2005.

4) Tassi, Maria Elisa Von Zuben. Certificação participativa e compra coletiva de alimentos ecológicos: redes locais construindo mercados cooperativos, um estudo na região de Campinas – São Paulo. Dissertação de mestrado. São Carlos: UFSCar, 2011.

RESUMO: A ‘modernização’ do campo e o desenvolvimento das cidades nos últimos anos têm evidenciado um processo de diminuição das práticas agrícolas familiares e consequente ruptura nas relações entre homem e natureza. Esta pesquisa buscou investigar em que medida os mercados, entendidos como um conjunto de múltiplos atores e relações podem ser um dos elos entre a vida urbana e a rural. Procurou-se também, sistematizar as experiências de certificação e diferentes circuitos de comercialização de alimentos de base ecológica, assim como os arranjos sóciotécnicos que vêm sendo construídos na região metropolitana de Campinas. O território em questão se caracteriza atualmente como um pólo científico-tecnológico e de turismo, além de ser um grande mercado consumidor, que vêm expandindo seus limites urbanos para áreas consolidadas com agricultura familiar, como a fruticultura e a olericultura. O referencial teórico foi baseado na ciência Agroecológica, na Nova Sociologia Econômica, no Comércio Justo e Solidário e em perspectivas de Desenvolvimento Territorial. Adotou-se como metodologia a pesquisa-ação em dois grupos distintos e inter-relacionados: o Sistema Participativo de Garantia (SPG), coordenado pela Associação de Agricultura Natural de Campinas e região (ANC) e o grupo de compra coletiva de produtos orgânicos, Trocas Verdes. Foram realizadas visitas em mercados e propriedades rurais da região com coleta de dados em entrevistas, reuniões e eventos, construindo-se trajetórias e mapas de representações sociais. A regulamentação da agricultura orgânica (Lei Federal 10.830/2003), incluindo os SPGs como mecanismos de controle da qualidade orgânica; o movimento de Economia Solidária (Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário – 2010) assim como o incentivo em programas voltados à agricultura familiar e à Agroecologia são fatores que tem favorecido a consolidação de redes sócio-técnicas e de comercialização com princípios cooperativos, potencializado a construção, troca e validação de conhecimentos fundamentais entre agricultores, técnicos e consumidores. No entanto, os desafios ao crescimento da produção orgânica vão desde a revalorização da agricultura familiar até as perdas inerentes aos ciclos produtivos e comerciais, incluindo a carência de trabalhadores no campo, baixa assistência técnica e administrativa aos agricultores e integração da logística para a distribuição de produtos. As alternativas encontradas envolvem projetos coletivos, territorializados e em rede, que buscam a aproximação entre consumidor e produtor através de estruturas e acordos de apoio mútuo, como as experiências de Agricultura Apoiada pela Comunidade. Conclui-se que a adoção de estratégias políticas ou comunitárias torna-se fundamental para a manutenção e fortalecimento da agricultura familiar de base ecológica e de mercados locais, assim como para o desenvolvimento rural sustentável.

5) Romeu Mattos Leite. Dez anos de regulamentação da agricultura orgânica, experiência de Sistema Participativo de Garantia, avanços, desafios e oportunidades da Agroecologia e produção orgânica no Brasil. Jaguariúna, SP, 28/02/2013.

Resumo: “O pioneirismo do Brasil em legalizar a certificação participativa com o nome de Sistemas Participativos de Garantia – SPG, é hoje referencia para vários países e tem se mostrado eficiente não somente como mecanismo de garantia para o consumidor de produtos orgânicos, como também, instrumento valioso de organização e construção participativa de conhecimento dos camponeses. A partir do exemplo brasileiro, vários países da América Latina que estão elaborando a legislação de orgânicos, pretendem incorporar os SPGs, como já o fizeram: El Salvador, Equador, Chile, Colômbia, México e Peru.

6) Gaspari, Felipe Campagna de. Hortifrutícolas orgânicos e agroecologia: conceituação e distribuição comercial. Dissertação de mestrado. São Carlos: UFSCar, 2013.

Resumo: Buscou-se nesse estudo discutir conceitualmente a agricultura orgânica, como parte da ciência agroecológica, e avaliar sua relação com a situação atual da oferta de hortifrutícolas orgânicos em diferentes canais de distribuição na cidade de Campinas-SP. As variáveis consideradas nessa relação foram preço, forma de apresentação, variedade de itens, tipos de embalagens, local de produção e o tipo de certificação. Realizou-se uma comparação entre os hortifrutícolas orgânicos com outros hortifrutícolas denominados como higienizados, pré-lavados, selecionados e os vendidos a granel, agrupados nesse estudo sob a denominação de não-orgânicos. Foram observados dez pontos de comercialização, sendo oito hipermercados, uma feira orgânica e uma feira-livre. Todos os pontos estão localizados em um raio de cinco quilômetros do centro da cidade. Constatou-se que, apesar do expressivo crescimento desse mercado no Brasil, ainda existe um grande gargalo relacionado à apresentação dos produtos, à compreensão do conceito orgânico e à acessibilidade a esse produto por parte dos consumidores.

7) Hergert, Mônica Helena Firens. Diagnóstico dos problemas de comercialização dos produtores da Rede de Agroecologia da Unicamp. Trabalho de Conclusão de Curso. Limeira: FCA, UNICAMP, 2013.

RESUMO: A transição da agricultura convencional para a de base agroecológica vem crescendo gradualmente no Brasil, havendo necessidade de pesquisas, investimentos, políticas públicas e apoio gerencial para fomentar esse crescimento. Dentro da agricultura de base agroecológica, a agricultura orgânica, é uma fatia de mercado com grande potencial de desenvolvimento, havendo a necessidade global de se criar e adotar alternativas mais sustentáveis no âmbito social, ambiental e econômico, sendo essa uma tendência cada vez maior. Porém, o comércio de produtos de base agroecológica ainda passa pelo processo de legitimação no mercado e, portanto, apresenta algumas características peculiares com relação ao comportamento comercial dos produtos. Este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de diagnosticar os problemas da comercialização, especificamente dos de produtos orgânicos, a partir de uma amostra selecionada de produtores da Rede de Agroecologia da UNICAMP, que foi utilizada como fonte da pesquisa. Os principais pontos abordados sobre a comercialização dos produtos orgânicos são a cerca dos canais de venda, distribuição, diversidade de produtos e visibilidade no mercado. E os principais problemas detectados são à cerca da logística dos produtos.

8) Coutinho, Helena Guimarães. Análise do Perfil dos Consumidores e de Suas Compras na Feira Pé na Roça – O Comércio Direto entre o Agricultor e o Consumidor. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas. Limeira, 2014.

RESUMO:O objetivo do estudo foi conhecer o perfil sócio-econômico dos consumidores de alimentos orgânicos da Feira Pé na Roça, pesquisar as motivações que os levam a comprar alimentos orgânicos e quais são os produtos mais consumidos. A metodologia de pesquisa social utilizada foi de caráter quali-quantitativa, com aplicação de questionários semi-estruturados, para a população amostral (n=81 frequentadores/consumidores) e posterior análise dos resultados em softwares específicos. Os resultados demonstraram que os consumidores da feira, diferentemente de estudos já realizados, abrangem um público mais diversificado quanto a faixa etária (abrangendo jovens estudantes e presença significativa de consumidores da terceira idade), renda (com 46,15% com renda entre 1,5 salários até 6 salários mínimos), escolaridade (estudantes, aposentados e profissionais de nível superior de diversas área, demonstrando que a população, em geral, esta cada vez mais preocupada com a saúde e com a sustentabilidade. Constatou-se a importância da feira para facilitar a compra de alimentos orgânicos, para consumidores, que residem em diversificadas regiões da cidade de Campinas, até mesmo em outros distritos e municípios. Sugere-se que mais estudos sejam realizados, para acompanhar o perfil dos consumidores de alimentos orgânicos, processos de incentivo à transição agroecológica para agricultores rurais e sobre a Saúde do Trabalhador rural.

9) Thompson, Carolina. Sistemas participativos de garantia: o caso da Associação de Agricultura Natural de Campinas e região – muito além do controle. Dissertação de mestrado. Araras: UFSCar, 2014.

RESUMO: “A dissertação apresenta um estudo de caso do SPG (Sistema Participativo de Garantia) da Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC), traça uma análise sociológica do processo de regulamentação da produção orgânica no Brasil e apresenta um breve histórico e panorama das experiências de SPGs no mundo. Para o resgate histórico foram realizadas entrevistas com atores-chaves do movimento agroecológico brasileiro, revisão bibliográfica e análises documentais. No estudo de caso foram utilizadas entrevistas concedidas por membros da ANC, focadas em suas trajetórias individuais e da organização. A técnica da observação participante foi empregada durante a pesquisa de campo, bem como a análise de documentos referentes ao SPG estudado. A pesquisa revelou que a participação da Sociedade Civil na regulamentação da produção orgânica no Brasil, especialmente do movimento agroecológico, foi a principal razão para que a legislação nacional pudesse romper os paradigmas internacionais de avaliação da conformidade de produtos de base ecológica, equiparando os SPGs às Certificadoras por Auditoria/de Terceira Parte.  O estudo de caso identificou que as principais vantagens do controle social são a intensa troca de experiências e a contínua capacitação dos membros acerca dos processos da agricultura de base ecológica. Por outro lado, a superação tanto da burocracia como dos custos diretos e indiretos foram apontados como principais desafios para a manutenção das atividades do SPG.”

10) Gustinelli, Pedro. Sustentabilidade econômica na produção de alimentos orgânicos.
RESUMO: O trabalho tem por objetivo estudar e analisar os aspectos econômicos ligados a produção de pequenos produtores rurais de alimentos orgânicos, os auxiliando na medida em que compreendem melhor a natureza econômica de sua produção, acreditando que é essencial ao agricultor saber o máximo possível sobre sua contabilidade e condição financeira, para que o mesmo possa se posicionar frente a outros desafios e problemas que venham a acontecer. Estão sendo estudados dois agricultores certificados pela a ANC, e foram desenvolvidas planilhas para a coleta de dados. Até o presente momento, os resultados parciais demonstraram a situação de curto prazo dos agricultores, que compreenderam seus principais custos de produção e a estruturação de sua receita, e ainda maneiras as quais o lucro pode ser maximizado.

11) CAMARGO, Clara Ribeiro. Sistemas participativos de garantia na agricultura orgânica brasileira: ação coletiva e construção de redes de conhecimento agroecológico. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.  175 f.

RESUMO: A regulação pública da agricultura orgânica no Brasil instituiu três formas de avaliar a qualidade orgânica, inserindo os Sistemas Participativos de Garantia (SPGs) no mesmo patamar que a certificação por auditoria. Todavia, este processo não foi isento de conflitos e, justamente por isso, o objetivo desta pesquisa foi compreender porque o Estado brasileiro reconhece esse formato de avaliação da qualidade orgânica que prescinde de uma terceira parte isenta, como as certificadoras por auditoria, se a literatura econômica clássica aponta para essa necessidade. A hipótese defendida e corroborada é que o Estado reconhece os SPGs no mesmo patamar que a certificação por auditoria porque a rede de gestores públicos e sociedade civil, articulada ao redor deste tema, conseguiu convencer seus interlocutores de que os mecanismos participativos de avaliação da conformidade (visitas de pares, visitas de verificação, reuniões) são capazes de atestar a qualidade orgânica dos produtos. Os argumentos que esta rede utiliza para persuadir suas audiências são de duas naturezas: por um lado, o alto custo da certificação por auditoria, causada pela obrigação de seguir os padrões da ISO 65, exclui parcela significativa dos agricultores familiares. Por outro, demonstram que existem outras formas de atestar a qualidade dos produtos, historicamente conhecidas, que reduzem as assimetrias de informação entre produtor e consumidor, em especial aquelas que se fundamentam prioritariamente no controle social. A metodologia utilizada foi a observação participante em fóruns paritários entre governo e sociedade civil, em encontros do Fórum Brasileiro de SPGs e em visitas, reuniões e mutirões nas propriedades de agricultores membros de redes dos cinco primeiros SPGs cadastrados no MAPA: ANC, ABD, Rede Ecovida, ABIO e Orgânicos Sul de Minas, além de entrevistas semi-estruturadas com gestores públicos e membros da sociedade civil que participaram do processo de construção da normativa. As conclusões indicam que a participação em redes de SPGs tende a fortalecer processos sociais complexos que vão além da certificação, como a construção e ampliação de mercados solidários, a criação de estratégias comunitárias de uso de material genético, como bancos e feiras de trocas de sementes e mudas, o aumento do acesso a alimentos por conta das trocas de espécies realizadas entre os agricultores e a redução de custos de produção, quando da contratação coletiva de técnicos ou pelo uso das visitas como instrumento de assistência técnica rural. No entanto, verifica-se que a tentativa do Estado em expandir esse sistema para mercados internacionais gera necessidade de controles mais rígidos por conta do distanciamento entre produtor e consumidor, o que burocratiza e aproxima os SPGs da certificação por auditoria. Por outro lado, o fortalecimento das redes de SPGs pode viabilizar o alcance das políticas públicas no meio rural, como por exemplo, os programas de aquisição de alimentos – PAA e PNAE, entre outros. Importante registrar a abertura que este tema tem para novas pesquisas e abordagens, avaliando a sua sustentabilidade no tempo e no espaço e a sua capacidade de ampliação da qualidade da vida no campo.

12)PARRA Filho, Antonio Carlos Mendes. Sementes orgânicas: regulamentação, politicas públicas, produção comercial e uso de sementes locais por estabelecimentos certificados. Dissertação de mestrado. Araras: UFSCar, 2015.

RESUMO: A semente é o primeiro insumo da cadeia de produção de alimentos. No contexto atual, a utilização de sementes e mudas adequadas à produção orgânica pode ser compreendida como, mais que uma questão legal ou filosófica, uma estratégia técnica para obter resultados mais satisfatórios na produção orgânica. Os objetivos deste trabalho foram: contextualizar, analisar e interpretar as leis de sementes, as políticas públicas relacionadas de uso e conservação de sementes locais; analisar as normas do uso de sementes e mudas na produção orgânica no Brasil; a produção comercial de sementes orgânicas no Brasil por atores do setor privado, setor público e terceiro setor; e o uso de sementes locais em estabelecimentos certificados. Diante do processo de regulamentação sobre sementes, observamos aparatos legais que reconheceram as sementes locais, tradicionais e crioulas e preservaram os direitos primários dos agricultores e comunidades tradicionais, em relação ao uso e multiplicação dessas sementes. Assim, foram reunidas no Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) políticas públicas de uso e conservação de sementes locais que se basearam sobre esses direitos. A regulamentação brasileira sobre o uso de sementes e mudas na produção orgânica permitiu o uso de sementes e mudas convencionais, inclusive com tratamento químico. O uso de sementes e mudas convencionais é parâmetro indicador do processo de convencionalização da produção orgânica. A produção comercial de sementes orgânicas foi mais expressiva entre as organizações do terceiro setor, ligadas aos agricultores familiares e correntes filosóficas e identificados como os pioneiros do movimento da agricultura orgânica. Assim, também constatamos os maiores índices de uso de sementes locais pelas organizações do terceiro setor e pelos agricultores familiares.

13) UENO, Vanessa Ayumi; FAGUNDES, Giovanna Garcia; HABIB, Mohamed. Agrobiodiversidade e segurança alimentar nas feiras livres do município de Campinas (SP).
Resumo: Este trabalho teve como objetivo analisar comparativamente feiras orgânicas e convencionais, no município de Campinas (SP), em termos de agrobiodiversidade e segurança alimentar dos feirantes. Realizou-se um levantamento dos produtos mensalmente (julho/2014 – março/2015). Durante o período também se conduziram entrevistas semi-estruturadas com os feirantes e aplicação da Escala Brasileira de Medida de Insegurança Alimentar. Em relação à agrobiodiversidade, as feiras convencionais apresentaram maior variedade de produtos comercializados (n= 184) que as orgânicas (n= 128), possivelmente porque a aquisição junto ao CEASA amplia seu acesso a mercadorias. De modo geral, foram contabilizadas 23 famílias diferentes de frutas, 16 famílias de hortaliças e 9 de hortaliças folhosas. Constatou-se que nenhum feirante sofre de insegurança alimentar. Mas, em termos qualitativos a alimentação dos feirantes orgânicos foi superior, já que 80% de sua alimentação vêm de produção orgânica para autoconsumo.

14) UENO, Vanessa Ayumi; FAGUNDES, Giovanna Garcia; HABIB, Mohamed. Análise comparativa entre feiras orgânicas e convencionais, no município de Campinas (SP)

Resumo: Este trabalho teve como objetivo comparar aspectos sociais e econômicos de feiras orgânicas e convencionais, em Campinas (SP). Realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com os feirantes e monitoramento mensal do preço de 30 produtos. Constataram-se diferenças no perfil dos feirantes: os orgânicos são majoritariamente agricultores familiares que comercializam nas feiras em circuitos curtos, com apoio de uma associação. Já os convencionais comercializam em circuitos longos, mediados pela CEASA. Porém, os problemas para a expansão das feiras convergem, sendo a falta de apoio da prefeitura e as deficiências de infra-estrutura os itens mais frequentes. Em termos de preços, os orgânicos foram em média 7,3% mais caros que os convencionais, sendo as maiores diferenças observadas nos grupos de frutas e legumes. Para verduras, raízes e tubérculos o preço médio dos orgânicos foi inferior.

 

15) Edeltraud Lenk. Benefícios clínicos e econômicos de merenda escolar orgânica. Proposta de projeto.
RESUMO: O Institute of Health Policy and Management (Políticas e Gestão em Saúde) da Universidade Erasmus, Rotterdam, Países Baixos, tem interesse em ampliar seu escopo de trabalho para avaliações econômicas de intervenções nutricionais e ao mesmo tempo ampliar as colaborações internacionais. Uma de suas pesquisadoras, Edeltraud Lenk, é brasileira, médica de família e comunidade formada na Unicamp, com mestrado em Economia, Políticas e Legislação em Saúde pela Universidade Erasmus. Juntando o aumento progressivo do consumo de agrotóxicos no Brasil com a falta de evidência clínica internacional das vantagens do consumo de alimentos orgânicos (inclusive vantagens econômicas de saúde pública), houve a idéia de se organizar um estudo clínico comparando os possíveis efeitos de uma merenda escolar orgânica comparada a uma merenda escolar convencional. O argumento a favor de se estudar esse efeito em  merenda escolar seria a maior facilidade do controle da exposição das crianças a uma ou outra alimentação, principalmente para crianças em período integral, que teriam 80% das suas necessidades nutricionais diárias contempladas pela merenda. A escolha do estudo recair em crianças (preferencialmente de 0 a 3 anos) seria pela importância de se avaliar os efeitos do consumo de pesticidas comparado ao consumo de orgânicos no desenvolvimento neurológico, corporal e endocrinológico das mesmas, assim como a microbiota intestinal. Foram feitos contatos com as Secretarias de Educação e de Saúde da Prefeitura Municipal de Campinas, com a central de distribuição de alimentação escolar no CEASA, diretoria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e com a ANC para avaliar a o interesse sobre esse projeto e essa temática e a disposição de colaboração das diferentes partes, que foi positivo por parte de todos os potenciais parceiros citados. Revisões sistemáticas de literatura estão planejadas,  para a escolha dos indicadores de efeitos mais adequados e para a investigação de como relacionar efeitos nutricionais sobre a saúde a curto prazo com efeitos a longo prazo. Se diferenças forem demonstradas, a ideia seguinte é calcular o ganho de saúde e econômico a longo prazo dessas crianças terem sido alimentadas com orgânicos. Isso seria feito por via de modelagem matemática.

Outros

A AGRICULTURA ORGÂNICA E SEU POTENCIAL PARA O PEQUENO AGRICULTOR
Clayton Campanhola, Pedro José Valarini Cadernos de ciência e Tecnologia, Vol. 18,n.3 – set./dez.,(2001)

Penteado, Silvio Roberto Agricultura orgânica / SIlvio Roberto Penteado. – – Piracicaba : ESALQ – Divisão de Biblioteca e Documentação, 2001. 41 p. – – (Série Produtor Rural, Edição Especial).http://listas.esalq.usp.br/biblioteca/PUBLICACAO/Serie%20Produtor%20Rural%20Especial%20-%20Agricultura%20Organica/Organica.pdf

SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Graciela Cristina dos SANTOS * Magali MONTEIRO Alim. Nutr., Araraquara, v.15, n.1, p.73-86, 2004 – http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/view/59/76

Cadeia produtiva de produtos orgânicos.  Por Brasil,Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=sxaBUm6AS2QC&oi=fnd&pg=PA3&dq=%22associa%C3%A7%C3%A3o+de+agricultura+natural+de+campinas%22&ots=maEkaKGDwf&sig=K54_-Dex83uFsSC__WvWkL9OSiA#v=onepage&q=%22associa%C3%A7%C3%A3o%20de%20agricultura%20natural%20de%20campinas%22&f=false

Fonseca, M. F. de A. C. Agricultura orgânica: regulamentos técnicos para acesso aos mercados dos produtos orgânicos no Brasil / Maria Fernanda de Albuquerque Costa Fonseca, com a colaboração de Cláudia de Souza… [et al.]. — Niterói : PESAGRO-RIO, 2009. 119 p. : il.; 23cm.

FONSECA, Maria Fernanda de Albuquerque Costa. A institucionalização dos mercados de orgânicos no mundo e no Brasil: uma interpretação. Seropédica: UFRuralRJ. ICHS. CPDA. 2005. 476p.

AGRICULTURA ORGÂNICA E SEU POTENCIAL COMO ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO NAPOLEÃO ESBERARD DE MACÊDO BELTRÃO http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/algodao/publicacoes/trabalhos_cba4/412.pdf

Machado, Fernanda; Corazza, Rosana Desafios tecnológicos, organizacionais e financeiros da agricultura orgânica no Brasil Aportes, vol. IX, núm. 26, mayo-agosto, 2004, pp. 21-40 Benemérita Universidad Autónoma de Puebla Puebla, México http://www.researchgate.net/profile/Rosana_Corazza/publication/239938249_Desafios_tecnolgicos_organizacionais_e_financeiros_da_agricultura_orgnica_no_Brasil/links/0deec520e8b2a4bdf4000000.pdf

Valéria Sucena Hammes. a Volume 1 Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável.. http://livraria.sct.embrapa.br/liv_resumos/pdf/00084040.pdf

Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia – Fortaleza/CE – 12 a 16/12/2011 12399 – A Associação Agroecológica de Ouro Fino/MG – uma alternativa para os pequenos produtores de café e hortaliças. The Agroecological Association of Ouro Fino/MG – an alternative for small coffee and vegetable producers. CAMARGO, Regina Aparecida Leite de ¹ OLIVEIRA, Julieta Teresa Aier de ² ¹UNESP/Jaboticabal, regina@fcav.unesp.br; ²Unicamp/Campinas, julieta@feagri.unicamp.br;

A Utilização do Diagnóstico Rural Participativo em Propriedade Orgânica no Município de Jaguariúna-SP. FRANCISCO, Priscila Maria Silva¹; GIUNTI, Otávio Duarte¹; FRANÇA, Danilo Vieira Cardozo¹; OLIVEIRA, Lara Angelo¹; FERRAZ, José Maria Gusman¹ Resumos do IV Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno – Brasília/DF – 07 a 09/10/2014

Resumos do VI CBA e II CLAA Articulações Institucionais e Intercâmbio de Conhecimentos: O Enfoque Participativo na Rede de Agroecologia Mantiqueira-Mogiana Institutional Linkages and Exchange of Knowledge: the Participatory Approach in Mantiqueira-Mogiana Network CORRALES, Francisco Miguel, Embrapa Meio Ambiente, chico@cnpma.embrapa.br FAGUNDES, Giovanna Garcia, Unicamp/Instituto de Biologia, giovanna@unicamp.br

Mais dissertações em http://www.ppgadr.ufscar.br/dissertacoes